domingo, 21 de abril de 2013

RITOS E CERIMONIAS PARTE VI


Tudo no Universo se move com harmonia e em ciclos; a mudança das estações, o nascimento e a morte de galáxias, até nosso próprio senso de quem somos de verdade. Por milhares de anos nossos ancestrais tiveram consciência da vida e morte como um fluxo contínuo. Compreendiam que era importante marcar os ciclos de renovação - como solstícios e equinócios, por exemplo - e acreditavam que fazendo isso ajudavam o cosmos a crescer e mudar.

O ritual, então, vem de tempos pagãos quando a Deusa-Mãe Terra era adorada como símbolo do nascimento, crescimento, morte e regeneração, e a vida era vista como sendo interligada em todos os níveis.

A Terra estava ligada ao Universo como parte de um organismo vivo; o que afetava a alguém, afetava a todos, e o ritual era considerado uma forma de recrutar as outras partes do todo para fortalecer e proporcionar mudanças na comunidade.

A tradição do mundo Ocidental de uma Deusa-Mãe Terra, com o tempo, acabou dando caminho para a base religiosa de um Deus-Pai e, desde então, nosso senso de ser parte do cosmos e de participar dessa evolução se perdeu. Um sentimento de separação surgiu. Nosso conhecimento de mágica e mistério desapareceu. Nosso respeito pela Terra como parte de nós foi deixado de lado e começamos a explorar e abusar dela.

Nesse tempo de crise precisamos, mais do que nunca, de rituais. Eles são tão importantes para nós quanto foram para nossos ancestrais. Os ciclos básicos de nossas vidas não mudaram, assim como os medos e as doenças que nos cercam. Pelo contrário, acrescentamos muito a eles.

Voltar a fazer rituais é um caminho para reabilitar um crença na ligação de toda a vida. Na sociedade de hoje, muitas pessoas têm uma sensação de separação e isolamento; para muitas , há um importuno sentimento de que deve haver algo mais na vida.

Os rituais podem nos ajudar a ver que somos parte de algo maior, parte de uma terra viva e que respira. Podem nos dar o sentimento de unidade, segurança e de apoio em um mundo de dificuldades crescentes. Podemos, mais uma vez, começar a sentir o sagrado no ordinário, o que pode dar profundidade e o sentimento que, tão freqüentemente, estão faltando em nossas vidas.

Praticar rituais requer coragem, visão, humor, criatividade e, acima de tudo, que acreditemos em nossa capacidade para modificarmos-nos e a nossos valores. Mas isso pode ser mais recompensador, pois ajuda-nos a olhar para alguma coisa maior do que nós mesmos, que pode ser chamada de Deus ou de força universal preocupada com nosso bem-estar, e ligarmo-nos a ela. Permite que nos reconectemos com o mistério da vida e ajuda-nos a sentir e a compreender as forças não-visíveis que trabalham em níveis sutis e são filtradas para o nosso mundo, e assim nos tornaremos, novamente, unos com a Terra e o cosmos. Recuperaremos a sensação de equilíbrio dentro de nós e de nosso mundo.
texto extraído de Lorna St. Aubyn
Rituais e Cerimônias para o dia-a-dia

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