terça-feira, 25 de agosto de 2015

O cuidado

"Tome cuidado!", ouvíamos muitas vezes em nossa infância, quando nossos pais temiam que fizéssemos algo que nos prejudicasse – por exemplo, que confiássemos demais em estranhos. Algo disso perdura no fundo, e o cuidado, sob a forma de desconfiança, impediu ou envenenou mais tarde muitos relacionamentos.

Contudo, quanto mais cautelosos somos em relação aos outros, tanto menos o somos com respeito a nós mesmos – no esporte, na direção de carros, no comer e beber ou na maneira de lidar com o próprio corpo e a alma.

Às vezes, nosso corpo nos adverte, com uma indisposição, dor ou doença que tomemos cuidado. Às vezes, a morte também nos diz: “Tome cuidado!” quando levianamente colocamos em risco a nossa vida. Quando, a pesar disso, nos saímos bem, eventualmente pensamos que escapamos dela ou mesmo que lhe pregamos uma peça. Mas ela provavelmente apenas nos piscou de leve um olho e nos advertiu outra vez: “Tome cuidado!”
Também nossa alma e nossa mente precisam de cautela. Muito do que queremos viver ou saber atua sobre elas como se fosse excessivo, do mesmo modo como o excesso ou erro na comida, na bebida ou no modo de agir atuam sobre nosso corpo. Também aqui percebemos quando nos sentimos bem ou mal e quando é o bastante.

O cuidado também é aconselhável em relação a outras pessoas, porém, aqui, num outro sentido. Precisamos tomar cuidado com sua saúde, sua vida, sua alma e sua mente, tanto no que delas exigimos quanto no que lhes damos. Temos de verificar se isso lhes faz bem ou mal, se para elas é uma benção ou uma maldição. Precisamos ter cuidado, ainda, com o que pensamos ou dizemos delas. Esse cuidado – ao contrário da desconfiança – nos torna abertos a essas pessoas. Ele une, é base do respeito e do amor.

Bert Hellinger – Pensamentos a caminho - Ed. Atman

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