O trabalho chamado de Constelações Familiares
foi criado por Bert Hellinger. Sua experiência de vida pessoal e
profissional muito contribuíram para desenvolvimento do método. O
trabalho mistura experiência, teoria e genialidade.
Hellinger nasceu na Alemanha em 1925, formou-se em Filosofia, Teologia e
Pedagogia. Como membro de uma ordem de missionários católicos, estudou,
viveu e trabalhou durante 16 anos na África do Sul, dirigindo várias
escolas de nível superior. Posteriormente, tornou-se Psicanalista e, por
meio da Dinâmica de Grupos, da Terapia do Grito Primal, da Análise
Transaccional e de diversos métodos terapêuticos, desenvolveu sua
própria Terapia Sistémica e Familiar.
As Constelações Familiares permitem uma abordagem sobre como tornar
visível a dinâmica normalmente oculta nos sistemas de relacionamento
familiar.
Fala-se franca e livremente sobre as observações acerca de algumas
forças que actuam nos sistemas familiares e das controvérsias em que
algumas delas se envolvem. Revela um formidável poder de abordagem nos
problemas que afectam as famílias da nossa sociedade atual.
Nascida de atitude terapêutica, e de uma observação particular, esta
abordagem entra em contacto com níveis profundos sobre os vínculos
familiares e a sua dissolução.
Uma nova energia no modo de pensar é a oportunidade para deixar para
trás alguns mal-entendidos e esclarecer o conceito de "emaranhado” e de
“solução" permitindo que surja algo mais profundo que é o movimento da
alma.
Contributos Teóricos
Hellinger deparou-se com um fenómeno curioso descortinado pela psicoterapeuta americana Virginia Satir nos anos 70 quando esta trabalhava com o seu método das “esculturas familiares”:
que uma pessoa estranha convocada a representar um membro da família
passa a se sentir exactamente como a pessoa a qual representa, às vezes
reproduzindo de forma espantosamente exacta sintomas físicos da pessoa a
qual representa, mesmo sem saber nada a respeito dela.
Esse fenómeno, ainda muito pouco compreendido e explicado, já havia sido descrito anteriormente por Levy Moreno, criador do psicodrama.
Também algum trabalho teórico na busca de explicações por esse estranho
fenómeno tem sido desenvolvido por um biólogo britânico chamado Rupert Sheldrake, o qual descreve tais fenómenos como "campos morfogenéticos".
De posse de detalhadas observações sobre tal fenómeno e durante anos, Hellinger observou e colectou
histórias, até que, baseado ainda na técnica descrita por Eric Berne e aprimorada por sua seguidora Fanita English
de “análise de histórias” descobriu que muitos problemas, dificuldades e
mesmo doenças de seus clientes estavam ligadas a destinos de membros
anteriores de seu grupo familiar.
Descobertas Fundamentais
Hellinger orientou o seu trabalho com as teorias
da época e a sua experiência de vida. Ele desenvolveu o conceito
dasordens do amor, como sendo a consciência que liga os membros de um
sistema, ou consciência de clã a qual ele também chama de alma, no
sentido de algo que dá movimento, que “anima” da vida e sentido.
Demonstrou a forma como essa consciência nos enreda inconscientemente na
repetição do destino de outros membros do grupo familiar.
As ordens do amor referem-se a três princípios básicos:
- Necessidade de pertencer
- Necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos
- Necessidade de hierarquia
Como Funciona um trabalho de constelações
O trabalho de constelações pode ser feito em
sessões individuais com bonecos palymobil/ figuras ou em grupo (modelo
de workshops).
O cliente apresenta o tema que pretende trabalhar. Pode ser uma doença,
comportamentos ou sentimentos doentios, tendências suicidas, medos
inexplicáveis, a vida bloqueada ou estagnada, sintomas inexplicáveis, ou
qualquer questão que esteja a ser motivo de sofrimento.
Se houver algum tema ou facto muito marcante que o cliente não queira
partilhar no grupo é possível trabalhar de forma encoberta e com muita
descrição.
No caso de se tratar de um workshop, o cliente selecciona no grupo de
participantes, pessoas para representar membros da sua família, segundo
as indicações do facilitador.
Por vezes se trabalha com a família de origem (pai, mãe e filhos) e por
vezes com a família actual (marido, mulher e filhos). Cabe ao
facilitador decidir por onde começar com as informações trazidas pelo
cliente.
Para fazer um trabalho de constelações não é preciso de muita informação.
Depois de escolher os representantes o cliente irá colocá-las umas em
relação às outras, de acordo com a imagem interior, que aparecerá na
mente do cliente da relação entre os membros da sua família que serão
por hora representados.
Começa então a constelação, onde cada representante estará em contacto
com as informações inconscientes de cada elemento que está sendo
representado. O facilitador fica numa postura de observação dos olhares
dos representantes, das posturas, do corpo e das direcções para onde
estão virados e as dinâmicas ocultas começam aparecer através de
movimentos e sensações que
são referenciadas pelos representantes. Pode-se perceber onde é que o
amor na família deixou de fluir e existe o bloqueio.
O que se pretende é restabelecer esse fluxo que será sanador e trará harmonia nos relacionamentos.
O facilitador orienta a constelação, pedindo aos representantes para
dizerem determinadas frases chave ou para se movimentar livremente ou
irem a procura de um bom lugar, ou o do lugar correcto na ordem
familiar.
Restabelecida a ordem na família e estando a energia do amor de novo a
fluir, o cliente fica com essa imagem de solução e não precisa fazer
nenhum comentário. É preciso deixar que o trabalho ganhe o seu espaço na
alma da família.
As Constelações Familiares é a oportunidade para constatar que "somos
todos um só ser", e que fazemos parte de algo maior que nos orienta,
protege e guia.
Não obstante, o amor que emerge durante a constelação familiar é o mesmo
amor que adoece e o que tem a sabedoria da solução quando se torna
consciente.
"Penetrar as Ordens do Amor é sabedoria. Segui-las com amor é humildade" (Bert Hellinger)
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